Fernanda Pequeno parte de conversações e fricções entre as poéticas dos artistas Hélio Oiticica e de Lygia Pape para frisar semelhanças, acentuar diferenças e apontar aproximações e divergências entre as duas linguagens. Uma das questões que permearam toda a análise foi a existência de conflitos políticos e sociais - por conta do momento político dos anos 1960-70 no país - que interferiram e nortearam a produção de ambos os artistas, que introjetaram certa contradição ou ambiguidade. Pape e Oiticica optaram por um viés de produção altamente experimental, e seu caráter político e transgressor configurou-se pela negação do que estava instituído e por uma confiança no engajamento da jovialidade brasileira abrindo possibilidades de escrita de uma ou mais histórias, mesmo que fosse necessário herdar e deglutir influências estrangeiras. A própria autora atribui a sua escolha por Lygia Pape e Hélio Oiticica quase que como uma intuição, espécie de "afinidades eletivas". Apesar de Hélio e Pape já terem sido muito revistos pela história da arte moderna, não deixa de ser legítimo buscar possibilidades de novas leituras, principalmente na obra do Hélio. E foi isto que Fernanda conseguiu, ao rever a produção dos dois artistas.