Os diários de Eunice Penna Kehl são um documento precioso. Eunice é inteligente, sensível, observadora; sua percepção informa e sensibiliza. Depressa ela se transforma numa espécie de amiga do leitor, e suas anotações iluminam com nitidez o mundo que o leitor recria na imaginação. Assim a editora Heloisa Jahn se referiu aos diários em que Eunice Penna Kehl registrou, entre 1935 e 1970, a vida em família da perspectiva de uma mulher culta, de classe média, no Rio de Janeiro do período do entreguerras. Mencionados ou apenas inferidos, acontecimentos políticos e fatos da história, no Brasil e no mundo, muitas vezes ganham em seu texto peso e nitidez surpreendentes. Para Eunice, a ideia de escrever um diário não foi casual. Passado a limpo com esforço, o primeiro caderno surgiu com a função de fazer frente à depressão. Em 1935 Eunice perde Victor Luis, o filho mais velho, e essa dor a acompanharia a vida toda, bem como a culpa por julgar não ter cuidado bem do filho. O ano seguinte [...]