Georgina nasceu para nos fazer felizes: Depois de alguns anos de Oficina Literária, criei nomes para algumas técnicas a serem usadas pelos meus alunos. Uma delas é o "sanduíche invertido", que significa colocar o melhor do conto no começo e no fim, ao contrário do sanduíche, que reserva o melhor para o recheio. Pois a escritora Ligia Messina, agora com muitas obras publicadas, tornou-se mestre nessa técnica, como prova na primeira frase deste livro: "Georgina nasceu para ser feliz em uma manhã de fevereiro de mil novecentos e antigamente". E na última frase, escrita depois de nos encantar numa centena de páginas: "Cauê olhou para ela, sorriu, virou-se e desapareceu pela claridade da porta." Quem teve a felicidade de ler o romance Alethéia irá reencontrar cenas escritas por quem dialoga com dois mundos, mantendo-se sempre humana e sensível ao encarnar seus personagens. Entre eles, alguns do reino animal, aos quais reserva grande parte da sua ternura. Ligia Messina criou-se no campo, em Itaqui (seus olhos de criança são sempre verdes, de contemplar os arrozais em brotação), viveu em Porto Alegre, no Rio de Janeiro, no Norte e Nordeste do Brasil, voltando, alguns anos mais tarde, para a querência gaúcha. Por isso sabe colocar seus personagens em diferentes molduras ambientais, sempre autênticas como as ações descritas. Ler este livro é como embalar-se numa rede nordestina pendurada entre dois cinamomos gaúchos. Com o direito de olhar para o céu, entre a leitura de um e outro conto. E vê-lo sempre com bons olhos, esteja ele azul puríssimo, bordado de nuvens preguiçosas, riscado por relâmpagos, ou desenhando as lantejoulas brilhantes das constelações. - Alcy Cheuiche, Porto Alegre Feira do Livro de 2018