quem poderia imaginar que a Língua é uma coisa deste tamanho. e vai levando nas curvas do seu bife que língua quando quer é bife tudo quanto é corpo desvairado, as lacunas do grito, o esmalte da louça, tudo quanto é coisa que calamos feito bolinha de tênis ou cão, você quer os verbos? pois tem beijar conversar soletrar saltar comer duvidar tudo músculo pelo bife, quem diria! roubar morrer rebaixar que Língua com essa estreiteza levaria do prato um livro de poesia, uma msg de zap, um problema de homem, ninguém diria, que a dúvida de Hamlet chegaria tão longe, que Júlia pediria relaxe, que ensaio do tema tem hora, que à noite no cu cabe vela, que você agora está morto, que deus agora é no Google, que você morreria mesmo assim continua me dando vontade de comer: Não, não saberíamos. de que escada poderíamos nos prever tão capazes desse nu frontal? e com que memória adivinharíamos este nosso sucesso tão fraco, esta mão que (...)