Franco e afirmativo, Asas tornou-se um dos textos-chave da história da literatura queer ao apresentar uma narrativa que fala de forma aberta e naturalizada sobre o amor entre homens, algo inédito até então nos romances russos. A obra de Mikhail Kuzmin (1872-1936), com tradução de Francisco de Araújo, foi publicada em 1906 e obteve notoriedade imediata se por um lado os críticos conservadores rejeitavam sua ousadia, grande parte do público passou a admirar o escritor. O poeta russo Ivan Sokolov observa no posfácio à edição que se perdoarmos o anacronismo da terminologia, não será difícil concordar com aqueles estudiosos que consideram Asas o primeiro romance de coming-out do mundo. Não é, decerto, o coming-out [...] como o conhecemos hoje, que se descreve no romance; mas a franqueza de Kuzmin sem dúvida fez dele um pioneiro. [...]