Sortilégio revela a sorte do povo negro sob a mortalha da democracia racial. Ao contar a história de Emanuel, negro e doutor, a peça traça a biografia de milhões. Mesmo censurada, difamada e polêmica, tornou-se, logo na estreia, um dos principais marcos do moderno teatro brasileiro. Feitiço catártico, a religiosidade de matriz africana se apresenta não como mera reprodução pitoresca, mas como poderosa simbiose entre forma e caráter. Nesse sentido, os pontos dos orixás, por exemplo, lhe dão ritmo e integridade sígnica e estilística. Exu abre os caminhos... Esta edição apresenta a última versão revista pelo autor. Traz depoimentos da consagrada atriz Léa Garcia e do encenador ngelo Flávio Zuhalê, e ensaios de Elisa Larkin Nascimento e Jessé Oliveira. E mais: a certeza de que o poder e o encanto das personagens transcendem o teatro, pois, se a peça de Abdias Nascimento tem aqui sua versão definitiva, o racismo que a obra esconjura ainda persiste e tem o país inteiro como palco.