Diz Hannah Arendt que cada vez que um recém-nascido chega à Terra, perguntamos-lhe: ‘quem és?’ É uma ideia emocionante, que coloca as pessoas sob o signo do enigma. Para preservar a dignidade do recém-nascido que somos todos os dias de nossas vidas, essa pergunta precisa ser refeita. Todos os dias. E precisa ser respondida pelas próprias pessoas. Rafael Zacca, que semeou essa ideia emocionante de Hannah Arendt em um dos 18 ensaios deste livro, é o recém-nascido da vez: Formas nômades é seu primeiro livro de crítica. Embora a maior parte desses textos já tenha sido publicada em revistas especializadas, a sua reunião em quatro blocos relativamente autônomos (I. Inconformismo e incomunidade; II. Poesia e política; III. Crítica e forma; IV. Dois sobrevoos) transforma o seu alcance e o seu sentido. Cada estrela brilha diferente quando vista numa constelação. Durante a leitura, eu repeti inúmeras vezes a pergunta de Arendt: quem és, Zacca, quem és? [...]