Serras de esmeraldas, montanhas de ouro? A imagem está sempre associada à coragem e à engenhosidade dos destemidos bandeirantes. A ocupação dos sertões das Minas rendeu narrativas que, por décadas, nas salas de aula ou nos livros escolares, deram aos paulistas um papel de preponderância na ocupação, na formação ou na construção do Brasil. Certo? Não exatamente. E Adriano Toledo Paiva, baseado em pesquisa exaustiva, demonstra a laboriosa construção de uma narrativa histórica que deu aos clãs sertanistas uma identidade inventada. Identidade imaginada que ele desconstrói com enorme competência, baseandose em infindos documentos extraídos de inúmeras instituições e arquivos. O talento do pesquisador, os questionamentos do historiador e o talento do narrador se unem para oferecer ao leitor um dos mais importantes momentos da história do Brasil, num texto límpido e instigante. A memória, - parece nos dizer ele -, é também uma forma de imaginação.