A palavra-ruído de Gabriela Nobre tensiona a zona liminal dos procedimentos que demarcam a ourivesaria formal dos seus poemas/composições de texto-som. Move-se, em voo aberto, pelos entrelugares dos silêncios que ciciam a imaginação sônica e o azo. Deriva dessa porosidade seu caráter experimental. É a própria maquinação da linguagem que assume o vórtice da fabulação poética. Há um rearranjo constante do léxico de práticas e articulações formais dos quais a autora se vale para explorar a dimensão sinestésica dos seus textos-ruído. Provoca o leitor-agente a desdobrar procedimentos e atualizá-los constantemente a partir da sua intervenção criativa, assumindo a opacidade dos mapas e das trilhas como premissa do labor criativo. O poema-procedimento não é apenas um artifício expressivo, o que lhe daria status de componente constituído por uma exterioridade demarcadora da sua cisão do mundo. Ao contrário, é o elemento constituinte, a expressão manifesta em si da estruturação da linguagem(...)