O livro Canção, estética e política: ensaios legionários recontextualiza a obra da Legião Urbana em sua tentativa de traduzir seu próprio tempo em canção. O período de redemocratização trouxe na música popular um sério questionamento sobre o país e sua estrutura política e social. Os filhos da Ditadura não se acomodaram em simplesmente negar a pátria ou construir um discurso niilista. O rock brasileiro dos anos 80 representou bem o processo de abertura política, globalização e urbanização que a sociedade brasileira enfrentava. Mais do que isso, a transformação de valores com o advento de uma indústria' cultural forte e liberta da censura, tornou-se tema e problema para os roqueiros. A negação do 'fascismo cultural' e a consciência de que a estrutura autoritária transcendia o modelo político, levou alguns roqueiros oitentistas a propor em suas letras uma espécie de "Utopia Lírica" através da qual, mudanças nas formas de convivência abririam espaço para uma redescrição da maneira de sentir/perceber a política, o que acarretaria transformações sociais.