No irreverente manifesto O direito à preguiça Paul Lafargue faz a defesa do direito ao ócio, em oposição ao tão proclamado direito ao trabalho. A luta pelo direito à preguiça é, segundo ele, a luta verdadeiramente libertária, por meio da qual se construiria uma sociedade mais justa, regida pelo aproveitamento do tempo livre e não pela lógica de um esforço irracional e desumano. Filho de pai mulato e de mãe caribenha, Lafargue. Genro de Karl Marx, tornou-se um marxista singular no movimento socialista internacional e foi um dos fundadores do Partido Socialista francês.Embora escrito há mais de um século, o manifesto de Paul Lafargue guarda o frescor de quando irrompeu como um grito indignado e irônico. Esta pequena obra feriu de frente as instâncias marxistas de sua época, contrariando a defesa do "direito ao trabalho", que constituiu o núcleo das reivindicações operárias do século 19 e permanece como importante palavra de ordem em nossos dias.Lafargue antecipa-se a diversos pensadores contemporâneos, criticando a criação de necessidades artificiais, que está, aliás, na raiz do consumismo, um mau hábito que permeia hoje todos os setores da sociedade. Por se tratar de uma obra que mescla irreverência e indignação, "O direito à preguiça" proporciona uma leitura envolvente, lançando questionamentos que ainda se revestem de espantosa atualidade.