Elis Regina e Roberto Carlos, Vinicius de Moraes e Caymmi, Simonal, Pelé, Evaristo de Moraes Filho, Liza Minelli e Gene Kelly estes são alguns dos personagens que fazem parte destas memórias. Miele lança mão de seu humor e de sua capacidade de seduzir platéias para falar dos primeiros tempos da televisão brasileira, das boates que tornaram mais animadas as noites cariocas e paulistas, de suas paixões gastronômicas e musicais. Elis Regina foi a única artista com cujo talento eu não me acostumei. Mesmo no último dia do show que fizemos durante nove meses nos teatros do Rio e São Paulo, eu me surpreendia emocionado, na coxia, enquanto esperava a minha vez de voltar ao palco. Homem de personalidade forte, Miele não fica em cima do muro e mostra tudo o que pensa. Diz, por exemplo, que considera uma injustiça o que aconteceu com Simonal (cujo ato de traição lhe valeu o banimento do meio artístico). Encantado com a versatilidade de Miele, Affonso Romano de Sant’Anna declarou: Miele poderia ser só locutor. Poderia ser só cantor. Poderia ser só bailarino. Poderia ser só apresentador. Poderia ser só humorista. Poderia ser só compositor. Poderia ser só ator. Pois abriu mão disto tudo para ser tudo isto. Os amantes da boemia, do humor, da música e de uma boa história hão de completar: ainda bem que, além de tudo isto, Miele resolveu virar escritor.