Aclamada pela crítica como "uma das melhores autoras da literatura contemporânea alemã", a premiada escritora e cineasta Doris Dörrie lança no Brasil O vestido azul. Tentando organizar um desfile em homenagem póstuma ao estilista e companheiro Alfred Britsch, morto pelo câncer, Florian Weber busca resgatar os modelos que mais marcaram sua trajetória profissional. O último deles, um vestido azul, traje sem mangas de organza da cor do mar, fora vendido para a designer Babette Schröder, e ele bate à porta da compradora para tentar recuperá-lo. O que ele não sabe é que a frase profética pronunciada por Alfred no momento da venda - "Este vestido vai mudar a sua vida!" - de fato teve caráter transformador para a proprietária da peça. O vestido passa a ser a intersecção na vida dos dois. De tragédias análogas - a designer também perdera o companheiro, porém em acidente de trânsito em viagem a Bali - Florian e Babette tornam-se amigos, compartilhando as tristezas e escarafunchando a dor da perda de seus parceiros. O sentido metafísico que Dörrie atribui à vestimenta não só se apresenta na peça-título do livro, mas acaba por permear toda a obra. A veste, tal qual uma cicatriz, representa marco na trajetória de quem a usa ("Babette era alguém que acompanhava a moda. Ela podia contar toda a sua biografia por meio de peças de roupa"), os estados da alma. Em O vestido azul, Doris Dörrie reflete sobre o amor incondicional, desprovido de egocentrismo, e o peso que a morte tem sobre a vida. A descrição psicológica dos personagens, aliada à linguagem cinematográfica da escritora, cria imagens poéticas que dão a exata profundidade das experiências vividas pelos personagens que cria. Assim como outras de suas obras literárias, O vestido azul provavelmente ganhará versão para o cinema no futuro.