A freqüência de casos de gravidez entre adolescentes cresceu tanto nos últimos anos que se constituiu em preocupação de organismos ligados à saúde em todo o mundo. Um número grande de estudos tem sido realizados buscando causas, padrões, explicações, etc. Em todos esses estudos, há um elemento comum: a adolescente grávida, a menina que, antes de sua maturidade biológica e emocional torna-se mãe. Os motivos para essa concentração de atenção são relativamente óbvios. Além da gravidez dar-se no corpo da mãe, normalmente é sobre ela que recaem os cuidados com o bebê após o nascimento.A figura que recebeu menos atenção em todo esse estudo, no entanto, foi o pai adolescente. Ainda que sua condição de parceiro na geração do filho seja evidentemente indispensável, pouco ou nada se tem falado sobre ele. Quem é? O que pensa? Qual é a sua relação real com a companheira? Qual é a relação com seu filho? Como se posiciona perante o futuro?Apoiadas na análise existencialista de Heidegger, Ellika Trindade e Maria Alves de Toledo Bruns foram buscar compreender esse jovem pai. Elas começam pela análise da função masculina no núcleo familiar desde a Antigüidade. Depois, reproduzindo trechos de entrevistas com jovens de classes econômicas diferentes, eles mostram o que se mantém dessa tradição de distância do Ser e o que há de novo em muitos jovens.