A partir de uma exploração do passado mais remoto do ser humano – a primeira infância – Além da Memória evoca o “tempo sem palavras”, quando a criança, ainda antes de aprender a falar, ou racionalizar, constrói sua personalidade para o resto da vida, com sua noção sobre sentimentos, como o amor e o medo. Ao contar a sua própria história – a de um menino que não podia andar, devido a uma inconformidade das pernas – , Thales traz a difusa lembrança de crianças brincando ao longe, atrás do vidro; do drama dos pais, com um “filho torto”; do mundo circunscrito a um tapete; e, por fim, da imaginação como liberdade. Ao tratar das lembranças sensoriais do autor, Além da Memória traz o recôndito de todo nós, de onde vem nossa diretriz primordial, essencialmente afetiva. Thales Guaracy nos apresenta um relato do indizível, e que fala tanto sobre todos nós, a começar pelas invisíveis teias da relação entre mãe e filho, sua ligação mais essencial.