A ideia de liberdade de expressão traz implícita a concepção de que, em uma sociedade democrática, as opiniões - não importa quão incômodas - devem ser livremente testadas. Aquelas que a sociedade resolve abraçar formarão os valores dominantes; as rejeitadas serão democraticamente relegadas, podendo ser novamente testadas noutro período. Nessa concepção, não cabe ao Estado escolher previamente a que tipo de ideia seus cidadãos terão acesso ou quais delas poderão replicar. O mercado de ideias deve ser o mais livre possível. Essa abordagem clássica assume, nas entrelinhas, que o mercado de ideias é perfeito e, portanto, capaz de se autorregular. Todavia, em liberdade de expressão e pluralismo: perspectivas de regulação, Alexandre Sankievicz nos convida a olhar mais de perto a realidade. Com o auxílio da moderna abordagem da análise econômica do direito, Alexandre mostra com relativa facilidade que o mercado de informações talvez contenha falhas. Logo, haverá, talvez, espaço para políticas públicas que melhorem o desempenho desse mercado. A abordagem crítica é, então, aplicada ao setor de radiodifusão na tentativa de identificar o grau de eficiência com o qual o mercado de ideias tem atuado no Brasil. A conclusão a que se chega é que o mercado de ideias brasileiro ainda está muito distante de seu potencial democratizante. Curiosamente, não pelas razões que se supunha no início (falhas de mercado), mas em decorrência das políticas públicas concentracionistas e historicamente contrárias à concorrência, que foram adotadas na regulamentação do setor (falhas governamentais), e que penduram até hoje. A ausência de competição e diversidade é sentida em vários aspectos, pois impedem a livre manifestação e o acesso ao conhecimento. Este livro atrairá o interesse de juristas, cientistas políticos, estudiosos do setor de radiodifusão, além de formuladores de políticas públicas e defensores de direitos fundamentais.