A Escrituras Editora, dentro da Coleção Ponte Velha, edição apoiada pelo Ministério da Cultura de Portugal e pela Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB), publica Diário Flagrante, de Fernando Alves dos Santos, organizado por Floriano Martins e ilustrações de Fred Svendsen. A história do Surrealismo em Portugal é ainda um território aberto à descoberta e às surpresas. Um território parcialmente inexplorado onde podemos encontrar, junto a alguns protagonistas já universalmente conhecidos, outros que estão pedindo ainda uma urgente reavaliação ou recuperação e alguns quase que uma verdadeira ressurreição em parte por ter ficado à sombra dos "vultos maiores" mas também por se terem afastado do mundo literário ou artístico (ou pelo menos da face mais pública e espetacular desse mundo), como foi o caso de um Risques Pereira ou o do poeta que aqui e agora celebramos publicando a sua obra poética: Fernando Alves dos Santos (1928-1992), de quem pouco se soube exceto a sua dedicação preferente à atividade teatral e à sua participação em alguns dos episódios da aventura surrealista nos seus primeiros momentos de afirmação e intervenção polêmica e em alguma das exposições que posteriormente tentariam recuperar momentos ou aspectos particulares daquela intervenção mais com um propósito de renovada provocação do que com os objetivos e os métodos do historiador e do arqueólogo. Este livro inclui toda a poesia de Fernando Alves dos Santos (1928-1992) e obedece quase integralmente o planejamento definido por Perfecto E. Cuadrado para a edição homônima da Assírio & Alvim (Lisboa, 2005). Nesta edição já se incluía um livro deixado inédito por Fernando Alves dos Santos, De palavra a palavra, cujos originais datilografados haviam sido por ele entregues a Mario Cesariny de Vasconcelos, em 1988, para que o amigo tratasse de editá-lo, o que acabou não sendo possível. A presente edição inclui uma tradução de Cláudio Willer para o poema "Ma Maison de ma nuit de lumière", originalmente escrito em francês.