O pensamento filosófico de Foucault mostra-nos que jamais seremos verdadeiros equilibristas enquanto apelarmos seja para o ídolo das origens, seja para o escamotear do presente, a fim de aplacar a necessária vertigem que nos acomete no fio do tempo. De modo preciso e agudo, a este respeito, Foucault demonstra que a refração da perspectiva temporal não se deve tão somente à instabilidade do objeto em foco, mas, igualmente, à inconstância do olhar. Isto porque a própria constituição do sujeito é um hábito cuja estabilidade depende de exercícios chamados "práticas de si".Pois é exatamente em meio a este complexo problema histórico e filosófico que o autor, RODRIGO SOLER, abre sua trilha, procurando fixar o campo conceitual que aí se anuncia. Logra tal intento realizando com denodo a tarefa básica de toda escrita filosófica, qual seja, definir conceitos e explicá-los de forma linear. A generosidade para com o leitor vai, no entanto, além do objetivo de tornar acessível um pensamento complexo. Com efeito, a aparente simplicidade do trabalho de sistematização desdobra-se ante o desafio de entregar ao leitor a espessura dos conceitos que perfazem o centro das atenções no presente livro: "cultura e cuidado de si". Prof. Dr. Hélio Rebello Cardoso JuniorDocente do Programa de Pós - Graduação em História da UNESP/ASSIS. (P. 04 Prefácio)