Ruas estreitas habitadas por gangues rivais, prostitutas decadentes, damas portando jóias ofuscantes e perversos ladrões. Na primeira metade do século XVIII, a capital inglesa caminhava para se tornar a mais populosa cidade do mundo — e não era propriamente o lugar mais seguro para se passar o tempo. A desigualdade social criava uma nítida fronteira: de um lado, a Londres rica, com as lojas exibindo produtos refinados e a elite adornando-se com caras perucas, delicados lenços e caixas de rapé quando passeavam a Covent Garden, Soho e Piccadilly. De outro, os miseráveis e oportunistas querendo ultrapassar essa linha da forma mais fácil. Ao mesmo tempo, a cidade não contava com uma força policial profissional e a segurança dependia do trabalho de cidadãos comuns e não-remunerados. Londres era, assim, o paraíso dos ladrões. Essa é a cidade apresentada em 'A ÓPERA DOS LADRÕES', livro de estréia da historiadora e consultora de produções cinematográficas, Lucy Moore. O romance prende a atenção principalmente pela relação crime-realidade. Com precisão histórica, Lucy Moore conduz o leitor à Inglaterra georgiana, retratando seu submundo com talento e trazendo seus heróis e vilões de volta à vida. A autora descreve as vidas de Sheppard e Wild e sua glória esquálida. Nascido em 1702, Sheppard chegou a ser um aprendiz de marceneiro que gastava o tempo bebendo e jogando, antes de iniciar seu aprendizado de pequenos golpes com uma prostituta que limpava os clientes. Preso após alguns roubos, não passaria de um ladrãozinho vulgar, não fosse sua extraordinária habilidade de evasão. Primeiro, libertou sua amante; depois, escapou da cadeia forçando uma série de fechaduras, escalando muros e saltando telhados. Recapturado, escapou novamente. Antes de ser preso definitivamente, se tornara uma lenda para um público que admirava sua capacidade de colocar as autoridades em apuros.