"O real não está nem na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia." As palavras de Guimarães Rosa descrevem o gesto poético de Alberto Martins em seu Em trânsito. "Notável", diz Francisco Alvim.Os poemas de "Em Trânsito" têm uma delicada linha narrativa, uma nítida espinha dorsal, visível quando o leitor acompanha o olhar do poeta em seu trajeto cotidiano para o trabalho e de volta para casa, e em seus pequenos trajetos aleatórios: o que obtém é a percepção contundente da passagem do tempo, dos frágeis componentes da vida, da experiência humana. No caminho entre a casa e o trabalho o poeta recolhe cenas corriqueiras: são poemas que transmitem a consciência constante de estar no mundo em companhia - e de partilhar a experiência dessa travessia com a multidão de desconhecidos, uma multidão sempre em foco. A beleza desses poemas toca especialmente o leitor urbano, que busca definir e reconhecer seu trajeto no mundo apesar da infinidade de referências que o cerca e comprime.