Que eu saiba, é o primeiro documento de erudição que se propõe a investigar, em amplitude jamais tentada, as complexidades e os enigmas suscitados por um livro que se põe como de um escritor morto que se vale da intermediação instrumental de uma pessoa viva.Osmar Ramos Filho, autor deste estudo, não se ocupa especialmente das teses da existência e da sobrevivência do espírito, por entender, provavelmente, que disso falam inúmeros outros livros à disposição do leitor.Desde espaço precisa ele para expor o que tem a dizer sobre o objeto de sua dissertação. Nem mesmo impõe sua convicção de que Balzac é autor da obra sobre análise.O que ele se propõe a fazer é demonstrar que dificilmente alguém que não o criador da Comédia Humana poderia tê-lo escrito.Esta é uma das mais fascinantes e curiosas aventuras intelectuais que se possa desejar, qual seja a de apurar se um texto que pretende ser de autoria de um Balzac morto oferece condições de credibilidade para aceitação como tal.Bezerra de Menezes foi sempre um desafio à espera de um biógrafo. Este livro resolve o desafio, mas apenas em parte. É que alguém com uma trajetória tão rica terá forçosamente o destino póstumo de toda grande figura da humanidade: ter a sua vida recontada a cada geração, à luz de sua própria época. No que se refere à nossa geração, podemos ficar tranquilos. O trabalho organizado por Luciano Klein Filho é digno do biografado.