O modelo da escola atual nos remete ao projeto civilizatório que teve a racionalidade como possibilidade de avanço. Mas não devemos nos esquecer de que este ideal de progresso justificou o colonialismo, a pureza justificou os regimes políticos totalitários, o projeto de homogeneização dos currículos justifica a intolerância com o diferente e com o multiculturalismo, a supervalorização do "rigor lógico" justifica o mascaramento das práticas conflituosas. Os artigos do livro que aqui apresento trazem a crítica ou negação intencional dessa neutralidade: na escolha do objeto, na direção da investigação, nos conceitos usados nas questões de pesquisa. O ideal da ciência neutra, imune aos interesses e paixões é nestes artigos substituídos por paixões e interesses reais dos pesquisadores e as discussões políticas trazem outras possibilidades de compreensão dos problemas educacionais da atualidade. (...) Os autores se colocam em posição ativa na qual o conhecimento não interessa como um fim em si próprio, mas enquanto força para obtenção de novo modo de vida, não submissa a modelos e longe de pretensões de generalidade e receitas definitivas.