O livro de Michelangelo Torres que o leitor agora tem em mãos é uma bela contribuição para desvendar como as corporações atuam, principalmente como constroem e como materializam suas práticas no campo da “responsabilidade social empresarial”, prática fundamental para a melhoria da imagem das empresas junto a seus investidores e consumidores. O livro é fruto de uma versão adaptada e aperfeiçoada da sua dissertação de mestrado, desenvolvida no IFCH – UNICAMP. Segue a esteira da tradição de pesquisas de grande envergadura realizadas por René Dreifuss, Carlos Montaño, José Paulo Netto e Virginia Fontes, dentre outros.No plano ideológico, Torres nos mostra que o novo dicionário do capital tem papel decisivo na camuflagem do sociometabolismo do capital. Trabalhadores explorados tornaram-se colaboradores. Superexploração do trabalho tornou-se trabalho em equipe, vestir a camisa e dar o sangue. Agrotóxicos tornaram-se defensivos agrícolas. Em muitas regiões da China os “colaboradores” passam a cantar o hino da corporação. Camuflando a luta capital trabalho – essência do capitalismo – as corporações atuam a cada segundo para anestesiar as lutas na produção bem como para formar a consciência de que os problemas sociais devem ter soluções dentro da órbita do capital.