Em um contexto político sufocante, Gal Costa e Elis Regina tomaram as rédeas da resistência contra a ditadura militar no campo musical brasileiro. Não se tratou necessariamente de militância formal ou direta, mas da construção de narrativas em álbuns, performances, espetáculos e entrevistas cujos efeitos eram um misto de denúncia, relato do momento histórico e a expressão de subjetividades daqueles que vivenciavam o regime antidemocrático. A partir de uma série de disputas simbólicas, ambas assumiram o papel de porta-estandarte da resistência em momentos distintos: Gal entre o final dos anos 1960 e início dos anos 1970, e Elis da segunda metade da década de 1970 até pouco antes de sua morte precoce, em 1982. Este livro se propõe a investigar o processo de transferência simbólica desse papel de destaque na música popular brasileira de uma cantora para a outra [...]