Sem nenhuma pretensão de passar por cima do caráter próprio da poesia ou sugerir qualquer hierarquia tola entre os gêneros, mas ousando numa comparação singela, pode-se dizer que Titubeio é uma espécie lírica de romance de formação. Cambaleante, que não consegue se manter de pé, incerto, hesitante, vacilante, titubeante, é como o corpo do eu e da poesia se apresentam, ora como respiro, batimentos cardíacos, pressão arterial, oscilações oculares e outros movimentos fisiológicos; ora como plantas, cujas raízes vasculham um solo procurando firmeza, como rios que buscam o caminho para desaguar no mar. Essas duas naturezas do corpo desenham nele o próprio mapa do mundo ou da aventura que o eu deseja. Esse mundo seria um espaço aberto, um cosmos, o próprio céu, o mar, uma nebulosa, um buraco negro, as constelações, um deserto, a Via Láctea, um mundo enorme nas possibilidades e no desconhecido. Mesmo titubeante, o eu não desiste, gira, [...]