Depois do susto de Howarimari, as abelhas subiram às árvores mais altas para se esconder. Passaram a ficar em silêncio e o mel tornou-se mais raro. Não podia ser mais simbólica a história da Irara para nos lembrar da resistência dos yanomami frente à violenta expansão econômica sobre seu território e a invisibilidade imposta aos saberes tradicionais à margem do conhecimento técnico e científico. Poucos organismos representam tão bem as incoerências que têm nos levado à crise contemporânea da biodiversidade. Responsáveis pela polinização de mais de 80% das espécies silvestres e cultivadas, as abelhas viabilizam pelo menos um terço da alimentação humana. Mas estão desaparecendo pelas mãos da própria agricultura, baseada em monoculturas extensivas e no uso indiscriminado de agrotóxicos.