Trata-se de mais uma obra ficcional de Leonardo Brasiliense, que constrói sua carreira cuidadosa, segura, porém não acomodada. Des(a)tino é um livro de contos, cujo compromisso estético persiste no modelo em que a estranheza e o reverso das coisas é uma constante. Há coisas que existem e coisas que não existem. Outras há, ainda, que parecendo impossíveis, aí estão para perturbar a ordem. E a literatura de Brasiliense é do tamanho da inquietação que provoca nos leitores. Para jogar luz nova sobre antigos e irresolvidos temas, exerce seu grande domínio técnico. E nesta trajetória, resta a Leonardo Brasiliense desenvolver, cada vez mais, sua escritura entre o estético e o hermenêutico, ainda que , como matéria-prima, tanto lhe servem o cotidiano em sua aparente banalidade, quanto as máximas anomalias: como uma sessão de tortura, em meio a qual o protagonista apega-se à lembrança de que sopa é uma palavra que já esquenta.