Esses dias que estamos vivendo há anos: o terror não cessa de se tornar real. E é no real que nos deparamos com buracos e faltas que nos paralisam, porém, não conseguimos evitar. Como se mover diante da imobilidade que se impõe, diante dos dias que distendem séculos de dor, quando não existe palavra/ que os impeça de acontecer? Talvez seja preciso encarar a falta de movimento como um passo inelutável para que se consiga riscar fósforos, acender fogueiras, devolver granadas e depois, dançar a um só tempo, como quem se lembra que nasceu pronta para todos/ os incêndios. Há três momentos que precisamos encarar n’Esses dias que estamos vivendo há anos. Três movimentos de um passo a passo constitutivo de quem não sai dessa história senão como sobrevivente. O primeiro é quarentena. Em seguida, começa uma fogueira agora. Por fim, estou exausta de esperar o fim do mundo. Um corpo em transformação está em jogo nesses três movimentos. [...]