São surpreendentes os caminhos da vida que levaram o menino Newton Carlos, nascido na pequena Macaé pré-petróleo - e que só pensava em mergulhar no mar, pulando de um penhasco -, a transformar-se no jornalista que durante muitas décadas viajou pelo mundo, aprendeu a conhecê-lo e, com rara competência, a transmitir esse conhecimento a um público fiel. Nada importante no cenário internacional escapou a esse olhar agudo - da América Latina de tantas aflições à Ásia de conflitos sangrentos; da África em luta para escapar do colonialismo explorador à Europa transfigurada após mais uma guerra devastadora; dos Estados Unidos emergindo como maior potência à antiga União Soviética com pretensões semelhantes. E a guerra fria, a ameaça de guerra nuclear, o estilhaçamento da área socialista, o novo continente do euro, a China que se afirma como potência econômica, o Oriente Médio de tantas turbulências e muito mais. Com duas constantes: o olhar isento, a obsessão pelas informações precisas, não conformadas por ideologias. E tudo exigindo, ao longo dessas décadas, um trabalho incansável, que incluiu a preocupação em ter sempre um acervo pessoal de informações, capaz de assegurar essa isenção - seja em colunas de jornais, em comentários na televisão ou em rádios. Admirável exemplo de talento e esforço, competência e persistência. Felizes os seus leitores.