Este poeta errante e assertivo, ora nos traz em sua estreia pelo mundo da poesia o denso O livro das sombras. Augusto extrai da alma do eu lírico em seus recônditos mais ocultos, sentimentos profundos e ataca sem piedade: a nefasta alma humana, a existência inócua humana, a ação ignóbil humana, a sintética volição humana e a abstinência tecnológica de nós, sinais do mundo contemporâneo. Tendo a poesia como catarse e o dom como descrença, descreve a efígie humana como um espelho dele mesmo, o corvo que nos rouba a luz numa verdadeira videonasofibrolaringoscopia. Retira das nossas entranhas, obviamente com o auxílio luxuoso de um fórceps, o que somos. Uma gota de sangue em cada soneto, e um mar do inconsciente em cada página, encontrarão acrósticos, aliterações, rimas ricas, rimas fechadas, abertas, pleonasmos, decassílabos, tudo métrica, rima e sempre dor. E quando tivermos a certeza de estarmos na catástase e o próximo passo for a inevitável catástrofe Resta a esperança de (...)