Problematizar a clínica com as perversões trata-se de uma questão ética, pois esse campo encontra-se impregnado de moralismos e preconceitos. Frequentemente testemunho posicionamentos categóricos de que perversos não buscam análise, não sofrem, apenas gozam em função dos males causados às suas vítimas. Os raros que procurariam estariam apenas em busca de algum ganho para fazer uso em manipulações tendenciosas. Embora reconheça sua pertinência clínica, não estou totalmente de acordo com tais afirmações. Como observou Lacan, na perversão, o sujeito se faz instrumento para a restauração do Outro. Isso terá suas implicações; em alguns casos, estará em jogo destituir o semelhante de sua condição de sujeito, tomando-o como objeto inanimado, pois seu imperativo de gozo implicará uma espécie de recusa à filiação, colocando em questão as condições de amar, de reconhecer dívida com o outro e de suportar a diferença. Apesar dessas ressalvas, coloca-se em discussão os desafios [...]