"As mulheres brasileiras não têm hoje pleno domínio de seus direitos sexuais e reprodutivos, uma vez que não podem optar, quando grávidas, por uma interrupção segura da gestação. A proibição ao aborto é definida na lei penal, mas deriva de uma série de conceitos e percepções que vão além da legislação e tomam espaço nas relações sociais. As influências religiosas concentram-se em diferenciar as mulheres santas das pecadoras, controlando a sexualidade feminina e impondo um modelo em que a mulher deve ser submissa e restrita a um espaço privado. A sexualidade da mulher aparece como a fonte do pecado. Assim, a mulher que exerce plenamente a sexualidade é a mulher pecadora, digna de punição e recriminação. [...]No Brasil, a discussão é ainda atrasada. O Estado brasileiro é laico, mas sofre influências de grupos religiosos desde a Assembleia Nacional Constituinte de 1987. [...]