Conheci Dênis Rubra quando trabalhava no setor de editoração e pesquisa da Biblioteca Nacional. Um sorriso límpido e generoso. Não podia não perceber que se tratava de um poeta. Todo discreto. Sem alarde. Pressentia-se nele um sentimento lírico e musical avançado. Nada acrítico. Ou desarmado. Mas uma vocação para a música de câmara. Mesmo que popular. Com Noel, Cartola e as bandas contemporâneas. A surpresa veio com seu primeiro livro, cujo sistema tonal me capturou, como ouvinte, ou leitor. E com "é muito cedo pra pensar" a confirmação de uma demanda melódica, ou daquela figura da melopeia evocada por Ezra Pound. Dênis pode repetir, na tessitura do dolce stil nuovo, algo que o definiria: "i mi son un che quando amor mi ispira noto". O lirismo bandeiriano com suspeitas cabralinas. Mais o primeiro que o segundo. Fora da pura imanência. Longe da árdua transcendência. No império delicado e luminoso da transparência. - Marco Lucchesi