para além de seu enredo, a literatura expressa, com frequência, as ideias de seu tempo. um exemplo é frankenstein de mary shelley, no qual o temor existente no início do século xix sobre as criações da ciência assume um papel central. outro caso emblemático é o receio, na primeira metade do século xx, de george orwell quanto ao controle e à vigilância expresso no livro 1984. no entanto, nem sempre a literatura é tomada como forma de conhecimento, reflexão ou crítica da história da humanidade. o desafio contido em literatura e pensamento científico, dominado com maestria nos 12 artigos publicados, foi justamente trazer à tona esses aspectos da literatura. fica, então, o convite ao leitor para explorar escritores, obras ou escolas literárias com um novo olhar. aos exemplos citados, somam-se as reflexões de dostoiévski sobre o niilismo e o liberalismo, a denúncia de machado de assis quanto ao higienismo e ao alienismo, a laranja mecânica e o estado policial, o testemunho do cárcere de graciliano ramos, o desvio beat de jack kerouac, a fantasia científica de philip k. dick, os questionamentos sobre o corpo e a mente e tantos outros.