A partir da dicotomia a mulher escrita/a escrita da mulher, Lucia Castello Branco e Ruth Silviano Brandão escrevem um livro dedicado à investigação feminina da realidade e da problemática representação da mulher, sempre pelo olhar masculino, através da história da análise e da literatura. Com premissas psicanalíticas e de teoria literária, especialmente da corrente de crítica literária ginocrítica, surgida nos Estados Unidos e de orientação assumidamente feminista, as autoras propõem uma reavaliação da produção cultural do Ocidente na ótica da mulher. Desde a tradição clássica, como o mito de Narciso e Eco e a tragédia 'Édipo rei', até realizações mais modernas luso-brasileiras, como José de Alencar, Clarice Lispector, Hilda Hilst e Florbela Espanca, as autoras submetem à sua perspectiva particular todo um retrospecto de alguns dos grandes artefatos culturais do ser humano, com base nas teorias antropológicas e psicanalíticas mais consistentes da atualidade. Teóricos como Bataille, Lacan, Lévi-Strauss e Freud, por exemplo, são referências para salvaguardar as conclusões.