Um endereço costuma significar lugar de morada, mas pode ser um destino, ponto marcado no mapa, uma coordenada, direção. Em 6222 é isso que o Terêncio nos dá, uma direção para olhar, com vários ângulos a se observar, no caso, a vida de um aglomerado humano em condomínio de classe média alta da Barra da Tijuca. Uma bolha de segurança e prazeres, um cenário idílico onde o balé das relações sociais faz piruetas ou se estatela no chão com a mesma graça e facilidade. 6222 é também um livro das fachadas, do que se cobre ou disfarça. Uma casa, um prédio ou uma alma. E do que existe atrás delas. Pessoas encapsuladas em suas realidades, como diz a jovem e sagaz Talita, estranha no ninho e, não sem ironia, viciada em ficção. Aliás, a ironia percorre deliciosamente várias passagens, denunciando dores, deleites e paradoxos construídos num estilo de vida rigidamente baseado em prazer, status, consumo e beleza pra esconder a humanidade demasiada de cada um. Excesso, condescendência e desfrute(...)