Na busca por vida em outros planetas procuramos por características semelhantes às encontradas na Terra nos dias atuais: água líquida, amplitude térmica adequada, presença de carbono, atmosfera com oxigênio e ozônio. Em um planeta sem essas características, a maioria da vida que conhecemos, incluindo a nossa, simplesmente não existiria. Por isso, ainda que nos fosse possível retornar à Terra primitiva, no cenário da vida que nos deu origem, não sobreviveríamos ao desembarque. Devemos a nossa existência a uma sucessão de eventos físicos, químicos e biológicos inter- relacionados, com consequências ora criativas, ora destrutivas. Teoricamente, portanto, qualquer planeta, para nós totalmente inóspito, pode abrigar alguma forma microscópica de vida, ou vir a fazê-lo em algum tempo no futuro. E, se o acaso permitir, modificar-se a ponto de poder nos abrigar, na hipótese de sobrevivermos imutáveis até lá. Desde a sua formação, a Terra e a vida sobre ela vêm se modificando constantemente, e é justamente essa capacidade de transformação que faz com que a vida persista há pelo menos 3,5 bilhões de anos. Nesse percurso, muitas espécies desapareceram, cedendo lugar para outras que, por sua diferença, conseguiram sobreviver, por um tempo, até hoje e talvez por muito mais tempo ainda. Essa é a história da vida no planeta Terra, de sua incerta direção, e de como, em momentos críticos, ser diferente fez toda diferença.