Nascida em 1945 sob a bandeira da manutenção da paz e da segurança internacionais, a Organização das Nações Unidas tem estado, nas últimas seis décadas, no centro da vida política internacional. Do apoio às independências nacionais das possessões coloniais européias, em seus primeiros anos, passando pelo amparo aos temas econômicos e sociais dos países do então Terceiro Mundo, até os constantes ataques à sua inoperância em questões-chave durante a Guerra Fria, a ONU constituiu-se como um espaço no qual as correlações de força presentes no contato entre Estados ganharam projeção e foram continuadas. Os novos temas, como os direitos humanos e a proteção do meio ambiente, propriamente transnacionais, nela encontraram expressão, constrangendo o s Estados e a definição da soberania nacional em termos vestfalianos. Com o objetivo de banir a guerra de agressão, domesticando-a nos princípios da segurança coletiva e da solução pacífica de controvérsias, a ONU enfrentou, com abalos importantes em suas diretrizes, a persistência das guerras civis e regionais, além do recente despontar de novos agenciadores não-estatais de conflitos, como o terrorismo fundamentalista e o narcotráfico. O presente livro aproveita a efeméride do sexagésimo aniversário da Organização, mas se afasta das comemorações laudatórias ou da crítica fácil, refletindo a atitude do evento a VIII Semana de Relações Internacionais da FASM que lhe inspirou. Faz-se, assim, um convite à leitura e à problematização da ONU.