O 'Wilhelm Meister' poderia ser lido à luz de um texto que constitui uma da mais citadas profissões de fé da escola romântica alemã - o Fragmento 116 da revista 'Athenäum', e o que nele são traços característicos da literatura romântica e do novo tipo de leitor que ela exige. A obra não pode, realmente, deixar de ser lida como moderna (o que na época é sinónimo de romântica), já pelo simples facto de ser um romance, mas também pela própria natureza do seu herói, contraditório e subjectivamentemotivado, representativo da situação do do indivíduo da nova época burguesa e das suas crises; e ainda, no plano diegético, pelo à-vontade e pela liberdade imaginativa do narrador , pelo caráter hibrido da trama narrativa que, num gesto já quase pós-moderno, se abre de forma transparente, transformando o espaço narrativo num campo lúdico.