Um clássico absoluto que oferece caminhos diversos de leitura e interpretação, da sátira pura à análise política e à reflexão filosófica sobre a nossa existência. Uma das grandes sátiras da literatura de língua inglesa, Viagens de Gulliver vai muito além do imaginário criado sobre o explorador que se descobre gigante em meio aos diminutos liliputianos. Parodiando os relatos de viagem em voga na época, Jonathan Swift constrói uma narrativa especular e corrosiva que usa o sarcasmo de modo genial para fazer uma crítica feroz à Inglaterra, à monarquia, ao progresso, à ciência e ao olhar arrogante do colonizador. Como um etnógrafo aprendiz que esquadrinha culturas consideradas primitivas, Gulliver enxerga nelas apenas a manifestação do selvagem, do inferior, até perceber as contradições e desumanidades da sociedade dita moderna, tão ou mais primitiva que as outras.