O planejamento das ações do sistema educacional necessita de uma proposição curricular. Esta vai referenciar os níveis ou modalidades do ensino, a seleção de professores/as, as bases mínimas para escolha de conteúdos, a avaliação dos estudantes, as demandas pela qualidade da educação. Mais que uma relação de disciplinas, o currículo é um elemento estruturante do ensino. Na contemporaneidade o currículo apresenta uma definição complexa, ambígua, polissêmica. A sofisticação foi conquistada devido às implicações da educação escolar com a cultura e a sociedade. Isso toma um posicionamento do termo na relação poder-saber. Assim, a visão deste elemento de organização pedagógica como algo estático foi abandonada. A superação perceptiva chegou à ideia de vê-lo como um processo. As teorias pós-críticas passaram a ver o currículo como um texto, um discurso, um documento. Ou seja, um artefato cultural. Como resultado de uma criação todo artefato comporta a tradução de valores, pensamentos e perspectivas de uma determinada época ou sociedade. Assim, nessa condição, o currículo é um instrumento de veiculação dos valores constituintes do tempo-espaço social e cultural. No conjunto, um currículo constitui identidades e subjetividades. Enquanto artefato cultural ele é parte das políticas de cultura. Ou seja, ele é um instrumento de seleção cultural. O currículo inserido na política cultural inscreve a escola dentro das inter-relações culturais estabelecedoras de tensões. O currículo é visto como um instrumento implicado nos processos de produção/reprodução da sociedade.