Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça procura estabelecer uma ampla interlocução entre os vários sujeitos envolvidos com as produções de sentido sobre o Cinema Brasileiro e que tomam a noção de moderno como ponto de discussão. A análise de textos e livros produzidos por cineastas e críticos de cinema permitiu enxergar os pontos de articulação que dão sustentação ao chamado Cinema Brasileiro Moderno, ao mesmo tempo em que permitiram problematizar os lugares de produção de uma dada discursividade e as implicações geradas pela sua instituição enquanto regime de verdade. Para isso, propus que a obra do cineasta baiano Glauber Rocha resultou na deliberada instauração de um regime de verdade sobre a história do cinema no Brasil. Este regime, extrapolando a esfera pessoal glauberiana, acabou por pautar boa parte dos estudos acadêmicos sobre sua produção e, bem como, sobre o nomeado cinema brasileiro moderno. Disto resultou que a opinião do cineasta acabou, igualmente, por se tornar espécie de síntese das fontes sobre as quais se debruçam muitos pesquisadores, o que resulta numa espécie de canonização que arrasta Glauber para o centro de quase tudo aquilo que diga respeito ao cinema brasileiro.