No final dos anos 1940, o historiador norte-americano Stanley J. Stein passou 18 meses em Vassouras, no Vale do Paraíba. Estava interessado em estudar todas as dimensões da vida nas fazendas de café no século XIX; para isso visitou vários arquivos, leu diversos documentos, mas também conversou com muita gente, entrevistou trabalhadores, alguns deles ex-escravos. Usando um gravador de fio, novidade naquela época, gravou canções e pontos de jongos - versos entoados pelos escravos e seus descendentes, que podiam acompanhar as horas de trabalho, servir como diversão e expressar um modo de comunicação com o outro mundo. Essas gravações, feitas em 1949 numa pequena bobina de arame que ficou guardada por quase cinqüenta anos, podem ser novamente ouvidas, graças ao trabalho realizado por um pequeno grupo de pesquisadores, que resultou no livro-CD 'Memória do Jongo'.