Alcione Araújo retorna ao terreno do romance depois de dez anos com o lançamento de Pássaros de voo curto. O tempo entre o lançamento de seu último romance, Nem mesmo todo o oceano, finalista do Prêmio Jabuti, e o novo, foi praticamente todo utilizado na escrita de Pássaros de vôo curto, um livro que Luis Fernando Verissimo, na quarta capa, chama de “romanção”. O aumentativo, neste caso, vale pelo tamanho, 462 páginas, e pela coragem de abraçar um romance com uma dúzia de personagens, dezenas de histórias e quase um século: “Nesse caso, eu tinha um engenheiro inglês que chegou ao Brasil no final do século XIX, e uma cantora de ópera brasileira da segunda metade do século XX. Entre eles, um século e a possibilidade de um romance.”Pássaros de voo curto não conta uma história, mas várias. Fala de um minerador inglês que chega ao Brasil no final do século XIX, de um pianista americano que vem para tocar nos cassinos, de uma cantora de ópera que roda o país se apresentando de cidade em cidade, um faz-tudo que tem como apelido Zé Bolero, e de um aviador que luta na Segunda Guerra Mundial.Segundo o Alcione, foram os personagens, e não um enredo preestabelecido, que o guiaram nesta saga de um século pelo interior do Brasil e de sua história: “Outra coisa, não costumo começar pelo enredo. Primeiro surgem as personagens, que crescem, se exibem e me seduzem. Se me rendo aos seus encantos, caprichos e contradições, elas me possuem.”