Neste irresistível "minirromance", Kadaré relata, com doses iguais de fantasia, observação aguda da realidade e ironia, suas experiências de menino na Albânia dos anos 40, traçando um tocante paralelo entre as transformações políticas de seu país e oEm "Uma Questão de Loucura", o jovem narrador relata a tomada do poder na Albânia pelos comunistas ao fim da Segunda Guerra Mundial. Em forte contraponto literário, assistimos à desagregação de sua numerosa família, deflagrada pelo lento desaparecimento do avô. Ponto privilegiado de cruzamento entre a história da Albânia e a história individual, o livro narra a passagem do "Partido" da clandestinidade ao poder explícito e totalitário, dividindo a população entre comunistas e "outros". O narrador e seu amigo Illir tentam contrapor sua rica e por vezes mórbida imaginação infantil às adversidades e absurdos desse mundo estranho que surge, tutelado a partir da Rússia pelo grande "tio" Stálin. Nesta pequena obra-prima, Kadaré encena com rigor e leveza um comovente adeus à Albânia desaparecida junto com suas culturas tradicionais.