No diálogo instaurado entre o discurso científico, o discurso das artes, a moda e a mídia, se interroga sobre como a cultura corporal vem sendo pautada no contemporâneo. Que aspectos vêm sendo enfatizados? Perfeccionismo estético? Saúde? Metamorfoses e hibridações? Desmaterialização utópica? Materialidade trágica? Da biologia à neurociência, da genética às pesquisas cognitivas, a inteligência contemporânea trabalha a desconstrução das certezas e referências estáticas e uma verdadeira reengenharia do corpo impõe a pergunta sobre os limites do humano.Com uma rica trajetória de escritor-cidadão, Monteiro Lobato teve como objetivo de vida tirar o Brasil do seu atraso secular. Engajou-se em campanhas de erradicação das endemias e escreveu, já em 1918, uma série de artigos, enfeixados depois no livro Problema vital, em que denunciava as doenças do homem do campo. Como um cavaleiro andante em defesa de suas utopias, esteve à frente de empreendimentos nas áreas do ferro e do petróleo, a seu ver, pilares do crescimento e da independência econômica. "Compreendi ser o petróleo a grande coisa, a coisa máxima para o Brasil, a única força com elementos capazes de arrancar o gigante do hino de seu berço de ufanias", diria numa conferência quando percorreu o Brasil agitando a bandeira de sua causa, completando: "Surge pois o dilema: ou continuamos deitados no berço esplêndido e gente nova vem tomar conta disto ou, postos de pé, estaremos habilitados a arreganhar os dentes". A modernidade em Lobato passava por modificações profundas no país que iam muito além das discussões formais sobre literatura, música e artes plásticas preconizadas pelo grupo que encampou a Semana de 1922. Lobato era, por isso, moderno sem ser modernista. - Vladimir Saccheta. A 73ª edição da Revista da Biblioteca Mário de Andrade é dedicada a Monteiro Lobato, pro seu 70º aniversário de morte, além do centenário de publicação de seu primeiro livro Urupês(1918).