O romance se tornou realidade, ou a vida se tornou romance. O Paraíso Terrestre: um milagre narrativo, possível graças à extraordinária energia estilística de seu autor. Conta a história de uma coletividade oprimida pela seca e pela máfia que manipula o uso da água para fins econômicos e políticos. Vanni Corvaia, arquiteto com interesses arqueológicos, volta para Agrigento, na Sicília antiga, em busca da própria identidade. Filho da realidade italiana, acumula em seu destino pessoal as contradições daquela sociedade nas suas múltiplas facetas: o norte e o sul; a esquerda e a direita; a exigência de racionalização e a obscura sedução do irracional. Livro total e difícil de ser definido: vivência de terra, água, fogo e ar digna de Empédocles, que desvenda os princípios elementares do mundo; romance polifônico, que alterna e entrelaça o real e o surreal, o lírico e o grotesco, o cômico e o trágico; síntese de clássico, com um sopro de fato grego e de moderno; de mito e de contemporaneidade. Afresco histórico de grande força, O Paraíso Terrestre representa a sociedade italiana nos seus múltiplos componentes sociais, desde a camada popular àquela aristocrática dos últimos Leopardos. Faz parte e se coloca na linhagem da mais alta tradição literária italiana, de Verga a De Roberto e a Tomasi de Lampedusa, tendo como foco a Sicília, vista por uma ótica aberta e internacional. Os segredos deste éden contemporâneo definitivamente infernizado não deixarão de integrar o público em uma leitura envolvente, que assinala a revelação de um grande escritor.