Domingos Oliveira acredita que "o teatro tem o tamanho da vida" e que nele o homem pode "exercer a forma mais interessante da sabedoria", "a loucura sob controle". Teatrólogo e diretor de cinema, Domingos Oliveira exerce há mais de quarenta anos a arte de manter a loucura sob controle. São mais de trinta peças, entre originais, adaptações e traduções. Desse universo, foram selecionados quatro trabalhos para integrar o volume de MelhorTeatro: Do Fundo do Lago Escuro, Amores, Separações, A Primeira Valsa. As quatro peças valorizam experiências pessoais do autor, transformadas e enriquecidas pela imaginação e a criatividade, uma mistura de memória e ficção Do Fundo do Lago Escuro dramatiza fatos da infância do autor, vivida em uma família carioca de classe média alta, nos anos de 1950. Drama e comédia ao mesmo tempo, mais drama do que comédia, revelando um lado escuro e amargo do ser humano. A Primeira Valsa, título simbólico que resume o espírito da peça, não isenta de uma certa amargura, apresenta o ingresso na vida adulta e a experiência do casamento. Como a definiu o próprio autor, "uma história meio verdade, meio mentira... uma história da vida, tirada na última hora e da boca aberta dela mesma, a Morte". Nas outras duas peças, ambientadas nos anos de 1990, o clima é mais ameno. Amores analisa as crises domésticas e afetivas de uma família da Zona Sul carioca, um tanto desagregada. Separações, como já sugere o título, aborda a insatisfação matrimonial, que fatalmente conduz à separação e a uma posterior reaproximação de marido e mulher. Apesar de tangenciar o drama, em vários momentos, a peça é uma comédia de costumes, sem acidez, leve, bem-humorada, de certa forma uma reverência ao teatro, que, como observou o autor, "talvez não seja a coisa mais bela que o homem inventou, mas talvez seja a que mais se parece com a vida".