Em Construir o inimigo e outros escritos ocasionais, uma reunião de ensaios sobre arte e cultura, Umberto Eco fala sobre a nossa necessidade de ter ou, se necessário, inventar um inimigo. Ter um inimigo é importante não somente para definir a nossa identidade, mas também para encontrar o obstáculo em relação ao qual medir nosso sistema de valores e mostrar, no confronto, o nosso próprio valor. Portanto, quando o inimigo não existe, é preciso construí-lo, afirma Eco. A situação mundial do nosso tempo, marcada por uma polarização política feroz, revela como é oportuno e inevitável conhecer os mecanismos que levam os homens a identificar sempre novos adversários. Em ensaios de extraordinária relevância, Umberto Eco reflete sobre a nossa necessidade de ter, sempre e em qualquer caso, um inimigo a atacar: seja nas invectivas dos oratórios antigos, na brilhante digressão literária que atravessa a Ilíada, nos romances de James Bond, na caça às bruxas, na propaganda de guerra [...]