Os autores estabelecem um enfoque humanístico da excepcionalidade, a partir de um esquema de referência conceitual abrangente tanto da criança quanto do adulto culturalmente estigmatizado. A aceitação de um quadro de referência predominantemente cultural, ao lidar com os indivíduos excepcionais, resulta numa ênfase à natureza relativa dos desvios e em um reconhecimento da medida em que os problemas da excepcionalidade atravessam as diferentes categorias. Assim, os capítulos iniciais do livro tratam dos problemas comuns às pessoas excepcionais de modo geral, a despeito da natureza ou origem de sua excepcionalidade. Telford e Sawrey consideram que todas as classificações de pessoas excepcionais são arbitrárias, porque o problema da excepcionalidade centra-se em uma questão mais sensível: a das diferenças individuais, as quais nem sempre se confundem com as configurações clássicas da "anormalidade", somática ou psicológica. Desta forma, o conceito de excepcionalidade adquiri uma amplitude que extrapola os estereótipos sociais e as categorias pré-científicas. Antes de se tentar compreender o excepcional, é necessário compreender o indivíduo humano assim classificado, seja por suas carências, seja por sua alta criatividade. É a cultura, concebida como contexto de valores vigentes nas organizações sociais, que decide o conceito de excepcionalidade: são intrinsecamente sociais os critérios de avaliação do que se chamaria anormalidade, quer tenha sentido negativo (os deficientes), quer positivo (os intelectualmente superiores). Na realidade, os excepcionais devem ser tratados como as minorias étnicas nas sociedades integradas. Destinado aos estudantes, educadores, terapeutas, psicólogos, médicos e a todos quantos se interessam pelos problemas da personalidade e da conduta humanas, "O Indivíduo Excepcional" - inteiramente revisto e atualizado - examina em profundidade e sob novas luzes o problema de que se ocupa, constituindo uma contribuição importante ao processo de humanização da sociedade brasileira.